sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A verdadeira viagem





Distanciamento, absorção do diferente e reaproximação. É isto que uma verdadeira viagem nos proporciona. Ela cuida de nossa alma, nos coloca em perspectivas e nos reposiciona neste mundão em que vivemos. 

A transformação se dá num clique, em um infinitésimo de segundo. Momento este que nos divide como seu houvesse uma altíssima e intransponível muralha separando o antes e o depois. Por quê ver outro ser humano numa situação tão diferente da nossa nos comove tanto? Na pobreza ou na riqueza, na forma de se vestir e no que se come, nas ruas em que andam, nas paisagens ao dispor. Todo um conjunto de variáveis que faz com que aquela pessoa tão parecida fique tão diferente ao mesmo tempo de qualquer um de nós. Este, o primeiro passo para a transformação que consiste na simples e pura contemplação, é fundamental em nossa auto reflexão como ser-humano.

Da observação à experimentação, vem os anseios em querer vivenciar um pouco aquela realidade estrangeira. Indagações como: Como seria viver ali? O que eu comeria todos os dias? Em que trabalharia? como me sustentaria? Quais as crenças desse povo? Acreditam em Deus? Deuses? Na Natureza ou na ciência? Qual a língua falada em casa? As gírias e modismos. O que festejam? A vida é dura? Feliz? Como tratam a morte?
Perguntas respondidas apenas com o tato e o contato. Não estão em livros. É preciso saber sentar e ouvir. Contadores de histórias. Lendas e realidade. E muita cabeça aberta. Entender outra cultura vai muito além. É vencer os preconceitos, aceitar costumes as vezes tão estranhos à nossa pobre realidade.

Uma vez, em meados de 2011 conheci um vilarejo no interior da Bolívia que me deixou assim. Intrigado. Um vilarejo de um punhado de famílias e nada mais. Vendiam saldados e refrescos aos turistas, mas de que viviam naquela cidade quase abandonada? Os jovens tinham anseios? Seguiriam os passos dos pais e avós ou sonhavam com uma outra vida em algum outro lugar? 


Já se passaram seis anos desde que estive lá, de passagem, rumo a um outro lugar. Mas este foi o que mais me marcou. É a gente que me toca. É bonito conhecer suas obras e as obras de seus antepassados, mas eu queria mesmo saber era sobre eles. O que eu poderia trocar com eles pra enriquecer nossas almas. Esta pra mim é a verdadeira viagem, aquela através de nossos corações. Eu e eles. Irmãos de alma. Tão parecidos e tão diferentes.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Los Trenes de Buenos Aires








Tanto o menino-viagem quanto a viagem do menino, não poderiam deixar de, ao caminhar e percorrer a mais porteña das cidades latino-americanas, perceber e fotografar os trilhos e os trens de mi Buenos Aires querida.
Aqui compilo algumas fotos ao som de meu cantor preferido: Jorge Drexler enfeitadas com o maravilhoso poema El Tren de Antonio Machado.


Yo, para todo viaje 
?siempre sobre la madera 
de mi vagón de tercera?, 
voy ligero de equipaje. 
Si es de noche, porque no 
acostumbro a dormir yo, 
y de día, por mirar 
los arbolitos pasar, 
yo nunca duermo en el tren, 
y, sin embargo, voy bien. 
¡Este placer de alejarse! 
Londres, Madrid, Ponferrada, 
tan lindos... para marcharse. 
Lo molesto es la llegada. 
Luego, el tren, al caminar, 
siempre nos hace soñar; 
y casi, casi olvidamos 
el jamelgo que montamos. 
¡Oh, el pollino 
que sabe bien el camino! 
¿Dónde estamos? 
¿Dónde todos nos bajamos? 
¡Frente a mí va una monjita 
tan bonita! 
Tiene esa expresión serena 
que a la pena 
da una esperanza infinita. 
Y yo pienso: Tú eres buena; 
porque diste tus amores 
a Jesús; porque no quieres 
ser madre de pecadores. 
Mas tú eres 
maternal, 
bendita entre las mujeres, 
madrecita virginal. 
Algo en tu rostro es divino 
bajo tus cofias de lino. 
Tus mejillas 
?esas rosas amarillas? 
fueron rosadas, y, luego, 
ardió en tus entrañas fuego; 
y hoy, esposa de la Cruz, 
ya eres luz, y sólo luz... 
¡Todas las mujeres bellas 
fueran, como tú, doncellas 
en un convento a encerrarse!... 
¡Y la niña que yo quiero, 
ay, preferirá casarse 
con un mocito barbero! 
El tren camina y camina, 
y la máquina resuella, 
y tose con tos ferina. 
¡Vamos en una centella!


segunda-feira, 17 de março de 2014

Ah o Pantanal...


É de arrancar suspiro da gente que já esteve nesse lugar tão único e tão vivo. Conheci o Pantanal na época menos indicada: nas cheias. Após ter tido a experiência de visitar o Mato-Grosso nesta época do ano, já adianto que não me arrependo em nada de ter ido lá agora e posso elencar aqui bons e poucos motivos para isso:
 - Ver a paisagem espelhada pelas águas, refletindo as nuvens e o céu azul no meio das fazendas inundadas é algo incrível de se ver e só pode ser aprecisado nesta época do ano (de novembro a março).
 - O calor que dizem ser insuportável é bem mais ameno nesta época. Não sei como é nas secas mas a questão dos mosquitos também foi bem tranquila. Quase nem usei repelentes e não tomei uma só picada.
 - Você vai querer voltar! Pra poder ver os animais que não viu desta vez, como as onças. Nada melhor que voltar na época mais indicada onde os bichos estão mais à solta e mais à vontade.

Agora do que eu vi eu posso dizer que mesmo passando apenas um dia nesta maravilha da natureza, pude ter contato com uma fauna e flora riquíssimas! Não vi onça, mas vi veados, capivaras, araras-azuis, jacarés aos montes, carcarás, tuiuiús, macacos, etc.
O passeiod e barco é incrível e nele dá pra conhecer vários tipos de aves que habitam a região. O tuiuiú é incrível. Não imaginava seu porte gigantesco! E parecia uma estátua de cera. Até brincamos que eram de mentira e que os guias os colocavam lá para nos entreter durante o passeio de barco. Nunca imaginava que fosse chegar perto de um jacaré na vida, mas fiquei a alguns centímetros do Zico, o jacaré alimentado pelos guardas florestais e de certa forma domesticado. Ali, bem na entrada da Transpantaneira.

Faltou conhecer muito mais. Nos aprofundamos apenas até a altura do quilômetro 60 da Transpantaneira. Foi bom mas ficou com gostinho de quero mais.

O único ponto negativo da viagem foi a agência que contratamos: CONFIANÇA lá de Cuiabá. Não comprem os serviços desta agência, maior furada! Guias despreparados que não mostram nem explicam direito o que você está conhecendo, meu cartão foi clonado pela agência, assim como o da minha amiga que viajou comigo. Sabe-se lá quantas pessoas mais tiveram problema de clonagem. Uma boa pedida aqui é alugar um carro e comprar os serviços de um guia particular pra te acompanhar nos passeios.

Agora é esperar Julho/Agosto e voltar pra conhecer de perto a fauna um tanto quanto escondida.

Fazendas completamente alagadas

Capivaras!

Muita água

Passeio de barco

Peão local

Compare o tamanho dos tuiuiús com o cavalinho ao lado. Surreal!

Carcará

Tuiuiús

Rio do passeio de barco

Esse é o Zico!

Carcará empoleirado

Jacaré na espreita


Cuidado para não atolar!
Até a próxima!


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O primeiro Buenos Aires a gente nunca esquece

O ano era 2004. O mês, julho. Fazia frio e assim era o melhor jeito de descobrir uma das cidades mais fantásticas que já conheci. Talvez por ter sido meu primeiro destino internacional. Por esta ter sido uma experiência tão incrível que depois disso nunca mais quis parar de viajar. Lembro-me até hoje de meu preconceito. Argentina? Ah não, não quero ir. Lá só tem argentino! E espanhol, que língua horrível! Ledo engano... Mas que engano! Os argentinos se mostraram os mais amáveis e lindos possível. Claro que tem muito truqueiro, especialmente taxistas, espalhando notas falsas de pesos por toda a cidade. Mas nem eles conseguiram manchar uma viagem que nunca mais esqueci e se tornou referência tal que divido minha vida em antes e pós Buenos Aires. Fiz amigos, comi muita carne e dulce de leche, vi o tango de rua, os intermináveis cafés e livrarias, conheci Borges, o pop latino, e me apaixonei pelo espanhol. Era viciante e não conseguia mais deixar de falar meu portunhol.

Vou tentar recordar...
Nas nuvens, com toda a ansiedade do mundo do que iria encontrar pela frente...

... descontava na comida sempre so-so de qualquer companhia aérea que se preze.

As ruas chamavam a atenção por seu charme europeu americano

Numa época em que no Brasil havia pedintes na rua com latinha de moedas, lá pagava-se gorjetas por verdadeiros shows na calle.

A beleza urbana era impressionante.

Guardas bem vestidos, bem diferentes dos daqui.

O obelisco na avenida mais larga do mundo: a Nueve de Julio

O subte opção ridiculamente barata e funcional que me deslocava pela cidade.

A calle Florida de noite, palco de elegância e luxo (em 2004 era! rsrs)

Avenida El Libertador: larga, oponente e verdejante.

Parecia mesmo a Europa. Era incrível.

A Floraris Generica, um monumento que expressava modernidade e sofisticação alinhado à natureza  perfeitamente.

A região central, sempre movimentada e cheia de protestos.

O Colorido Caminito, região do tango de Gardel e da arte porteña.

Falando em tango, olha ele aqui.

Um cassino montado dentro de um barco. Gastei alguns pesos nessa!

Ainda no Caminito.

Na região de Puerto Madero. Bairro moderno que move a economia do país.

Fincado por um barco!

O cemitério da Recoleta abriga algumas celebridades da época da ditadura...

... Assim como a idolatrada Evita Perón. Don't Cry For Me Argentina....

No gramado da Plaza de San Martín

Sempre muito verde, muitos parques.

A Floraris novamente.

Parques da Recoleta

Sempre muito frequentado pelos porteños.

Lugar bom pra tomar um sol, ler um livro ou mesmo pensar na vida.

Não poderiam faltar os manifestos e panelaços.

Região do governo argentino.

A famosa Casa Rosada

Plaza de Mayo, palco de muitas manifestações populares como das Mães dos Filhos da Ditadura.

Galerias Pacifico

Entrada da Casa Rosada

Guardas estilos londrinos. Não se mexem!

Eu e Má, meu companheiro de viagem!

Morador do cemitério.

Má na Plaza San Martín.

A bandeira

Na Catedral.

Dentro da Casa Rosada

Nós lá dentro da Casa Rosada

Homenagem aos mortos da Guerra das Malvinas

Indo a El Tigre

Um break para comer

Passeio fluvial no delta do Tigre

Muitos locais pegavam o transporte conosco

Morador das Muelles

Ainda em El Tigre

Hora de voltar para Buenos Aires. Nicco, um novo amigo.

O Congresso

Asas do poder enfraquecido

Quando eu usava gorro hehehe

Mais um café

Em San Telmo